segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O curioso Curió
Era uma imensidão de terra seca. O povo que ali vivia já não se lembrava do cheiro da chuva. Curió acordou com um berro de sua mãe na janela.
- Anda, menino! Bota logo esse calção e vem me ajudá, que a gente temo muito leite pra carregá.
O menino saltou da cama assustado, vestiu o calção, a camisa e correu pra carroça, de onde, todos os dias assistia seu programa favorito: a vida sertaneja.
A cidade ficava um bocado longe dali e, como de costume, Romário, o cavalo vira-lata de Curió, como ele mesmo gostava de chamar, não estava muito animado.
Enquanto Romário se arrastava estrada afora e Dona Mercedes cantarolava, Curió, cujo nome de batismo era Valdir, mas nem ele mesmo se lembrava, analisava as imagens que via e questionava.
- Mãe, o mar é verde, azul ou transparente?
Dona Mercedes sorriu e respondeu.
- O nosso mar é alaranjado, menino. Cê não tá vendo, não?
O curioso Curió enxergou o mar pela primeira vez. Estava à sua frente. Era uma imensidão de terra seca.
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